Nestes versos existem vários erros de Português, como sintaxe e concordâncias. Estes erros são cometidos para que haja rima entre os versos. |
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O mundo é completo
De tudo nele há
Se necessitamos de algo
Não é difícil encontrar
Não existe nada perdido
Que não se possa achar |
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Tem os viciados no fumo
Que não ficam sem pitar
Uns gostam de forró
E não ficam sem dançar
E quem saboreia a cachaça
Nunca deixa de bicar |
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Uns adoram o torrado
Que se chama rapé
Outros dizem: eu sei que morro
Se me faltar café
Para mim pode acabar o mundo
Se me faltar as mulher |
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Quem gosta disto ou daquilo
Isto não me intereça
Vou falar em Ximboca
E também de suas festas
Porque no mundo não existe
Outra Maria Ximboca como esta |
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Na roça quando tem festa
Numa casa de sapé
Um careta com pé de bode
Anima mesmo as mulheres
O fole ronca à noite inteira
Ate a hora do café |
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Foi no alto do boquete
Que Maria Ximboca nasceu
Perto do Tanque Novo
Onde mora um tio meu
Por lá mesmo se criou
E onde dançar aprendeu |
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Ximboca nasceu
Numa noite de forró
No meio do salão
Filha de Xica Dó
A mesma estava dançando
Com um negro do Mocó |
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O forró estava animado
Xica Dó de barrigão
Não suportando o som do fole
Entrou no salão
Dançava de todo jeito
Agarrada com um negrão |
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Era pulo e umbigada
Admirava quem estava ali
O negrão bem espantado
Dava pulo de tinir
E o povo já dizia:
Xica Dó vai parir |
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Quando foi a meia noite
Xica Dó deu um impino
Bem no meio do salão
Dava a luz um menino
Mandaram parar o fole
A Xica Dó estava parindo |
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Foi assim que Ximboca nasce
u Com um destino dos pior
Nasceu com o som do fole
Bem no meio do forró
Se criou na putaria
Pra dançar não tinha melhor |
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Ximboca aos see anos
Já dançava pra valer
Na aldeia do Boquete
Fazia a cana moer
Dançava de todo jeito
Que dava gosto de se vê. |
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Aos doze anos de idade
Ximboca foi convidada
Pra ir dançar numa festa
Na casa de Maria Tapada
Dançou tanto nesta noite
Saiu com a chinela furada |
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Agarrou com um negrão
Em cara dos Buqueteiros
Formou aquele par
Cada qual mais ligeiro
Fizeram buraco no salão
Como tatú verdadeiro |
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A poeira cobriu
No meio do salão
Não se via a Ximboca
Nem tão pouco o negrão
A pé de bode roncava
Parecendo um barrão |
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O negrão deu um pulo
Que todos deram fé
Ximboca caiu por baixo
E desmentiu o pé
Até o fole na hora
Caiu das mãos de Quelé |
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Foi formado o barulho
O fole foi rasgado
Furaram o pandeiro
E o candeeiro amassado
Foi faca de todo jeito
E tiro por todo lado |
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Deram um tapa em Quelé
Espatifaram uma porta
Saiu logo um mal cheiro
Que quase ninguém suporta
Com um sarí de fumo
Enfiaram em Ximboca |
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João cangaia deu um sôco
Que desmentiu o braço
Houve a morte do negrão
Pois quebrou o cachaço
Empurraram uma travessa
Na filha do Inácio |
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Tinha um velho quentando fogo
Fumando o seu charuto
Levou um tapa na boca
Que engoliu com o susto
Ficou atordoado
Parecendo um maluco |
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Como o velho ficou louco
Pois tinha engolido o pito
Entrou debaixo da saia
Da mãe de Agapito
E a velha ficou pulando
Dizendo: sai daí maldito |
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Agapito quando vio
Aquele paracé
Rançou o velho debaixo
Da saia da mulher
Caiu por cima de uma suplicante
Que estava fazendo café |
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A dona de casa
Foi saltar a janela
Levou um retrocesso
Caiu dentro da gamela
Foi um baque muito forte
Que quase destampa ela |
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Tinha um careta namorando
Estava bem destraido
Levou uma tijolada
Bem em cima do ouvido
Caiu como carneiro
Que nem se quer deu um gemido |
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Só se ouvia vala-me Deus
No meio da confusão
Pisaram Maria Ximboca
Vem em cima do blusão
Deram um chute nas bobagens
Do filho de Simão |
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Deram um chute na barriga
De Maria Tapada
Que voou a tampa
Pois se achava fechada
Quebraram o nariz
Da mulher de Zé Taiada |
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Era pulo e ponta pé
No meio da gandaia
Dona Chanxa Taioba
Esta perdeu a saia
Nesta hora furaram o bucho
Do filho de João Cangaia |
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Tinha mulher, homem e menino
Até por debaixo das camas
Estavam eles espremidos
Com porco dentro da lama
Mataram esmagado
O filho de Sinhá Ana |
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Deram um grande empurrão
Na filha de Xica Dó
Caiu de pernas abertas
Balançando o mocotó
O senhor chula levou
Um chute no bozó |
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Gritaram por Bernadão
Esta já tinha corrido
Lá pelos fundos da casa
Só se ouvia gemidos
Mulher procurava o filho
Outras procuravam os maridos |
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A filha de Taioba
Quando viu a confusão
Subiu na Cantareira
E entrou num porrão
Ficou com a cabeça de fora
Olhando o barulhão |
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Teve moça que correu
Junto do namorado
Ficaram assim os casais
Lá no mato fechado
Quem quis aproveitar
Não importou com o estrago |
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Chico Preto se gabaca
De ser bom de capoeira
Deu uma sasarícada
Na filha de Doca Parteira
Que esta bateu o bum-bum no chão
Que rachou até a carteira |
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Chico Preto quando olhou
Que a negra ali caiu
Disse: Oxente, eu pensei de ser
O filho de Zé de Biu
Puta merda que engano
Ora esta: Já se viu? |
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Deu um rabo de arraia
Num afoito que pulava
Era um tal de Breu
Que na briga se achava
Bateu com o breu no chão
Que quase no meio rachava |
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Zé graviola saiu á toda
Lá de dentro da cozinha
Na passagem da varanda
Levou um chute na espinha
Bateu a cabeça na portada
Quase não come mais farinha |
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Julieta saiu correndo
Na frente entropesou
Caiu dentro de uma cuia
Que a cabeça lascou
Ainda virou um pinico
Que estava cheio de cocôr |
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Jose Lotero com um punhal
No meio do salão
Furava todo mundo
Em plena escuridão
Recebeu uma cacetada
De mão de Pilão |
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Clementina moça velha
Que gosta da putaria
Ficou detraz da porta
Pensando que alguém não via
Levou pau de todo jeito
Que quase o pobre morria |
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Entre mortos e feridos
Fazia pena se ver
Foi um estrago medonho
Que não podia acontecer
Com moças fizeram coisas
Que eu não posso dizer.
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E assim é Ximboca
Moça Velha e ainda dança bem
Não dança pra valer
Pois não acha com quem
Com a tal da discoteca
Os homens não querem ninguém |
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Um abraço apertado
Para meu amigo leitor
Vá ficando com a Ximboca
Com carinho e muito amor
Zele bem da sua Ximboca
Pra seu amigo escritor. |
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FIM |
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